Jacob-Rodrigues Péreire exercitando a fala de uma criança surda.
In: COUTURIER e KARACOSTAS (1990)
Como conviver com pessoas portadoras de necessidades especiais Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa com deficiência. Isso é natural. Todos nós podemos nos sentir desconfortáveis diante do "diferente". Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando oportunidades de convivência entre pessoas deficientes e não deficientes são aproveitadas.
Não faça de conta que a deficiência não existe. Ignorar a deficiência é como ignorar a própria pessoa, ignorando uma característica importante dela. Compreender e aceitar a deficiência é importante para o relacionamento.
Provavelmente, por causa da deficiência, essa pessoa pode ter dificuldade para realizar algumas atividades, podendo ter extrema habilidade para fazer outras coisas, como todo mundo. Quando tiver alguma dúvida e quiser perguntar, dirija-se diretamente a pessoa deficiente e não a seus acompanhantes ou intérpretes (tradutores de línguas de sinais, por exemplo).
Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda, e espere que sua oferta seja aceita. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo, mas não se ofenda se sua oferta for recusada. Nunca ajude sem perguntar antes como deve ser feito. Assim como você, as pessoas com deficiência precisam de auxílio para determinadas tarefas, mas não para tudo, desejando realizar muitas de suas tarefas sozinho.
Os equipamentos auxiliadores como a cadeira de rodas, as bengalas e muletas são parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de rodas é como agarrar ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se vocês forem amigos, mas não deve ser feito se vocês não se conhecem. Tomar, pegar ou brincar com esses equipamentos pode ser extremamente ofensivo, caso não tenha sido permitido pelo usuário, impedindo que ele possa realizar seus movimentos sozinho.
Evite utilizar palavras com diminutivos ou apelidos com essas pessoas. A deficiência não traz consigo a necessidade de pena ou adulação, fale normalmente. Utilizar termos como "surdinho", "ceguinho", "alejadinho", "coitadinho", "pobrezinho", dentre outros, pode ser extremamente ofensivo, além de desrespeito ao deficiente.
Não fuja das palavras, converse naturalmente. Os deficientes as usam normalmente, portanto não fique apreensivo em utilizar "veja", "corra", "escute"...
Evite associações e indicações ao presenciar espasmos ou ataques epiléticos. Não se intimide e haja normalmente quando se deparar com movimentos ou expressões faciais estranhas.
Trate as pessoas com deficiência de acordo com sua idade. Adultos devem ser tratados como adultos e crianças como tal, a deficiência não limita sua inteligência, que em alguns casos é até superior ao da população média.
Quando não entender alguma coisa que foi dita não fique constrangido em perguntar e entender o que foi dito. As pessoas que têm dificuldades na fala não se incomodam de repetir se necessário para que se façam entender. Respeite o ritmo dos deficientes. Seja paciente quando acompanhar ou ouvi-los. Se você chegou até aqui, certamente se importa com o assunto. A maior barreira não é arquitetônica, mas a falta de informação e preconceitos.
Assim, compartilhe deste texto com todos de seu relacionamento e peça que eles façam o mesmo.
As pessoas com deficiência são pessoas como você, têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os
mesmos receios, os mesmos sonhos, mas com alguns probleminhas facilmente contornados pela informação.